Bem no coração da caatinga, onde reina o semiárido, vive um brasileiro resistente e devoto. Mas é na solidão do sertão e na lida rude sem trégua que nasce uma das mais autênticas expressões poéticas deste trabalhador do nordeste. O aboio, como é conhecido o canto dos vaqueiros, é o tema da história contada pelo radialista Francisco Tárcio Araújo, morador de Lajes, no Rio Grande do Norte.
A obra “Aboio, a Poesia do Vaqueiro” será lançada hoje (04/11), às 20 horas, na área ao lado da antiga Estação Ferroviária, no Centro do município norte-rio-grandense, como parte da programação do Circuito Nacional de Exibição da quinta edição. O projeto é realizado pelo Instituto Marlin Azul com patrocínio da Petrobras.
A história – Tradicionalmente, o município de Lajes é conhecido por abrigar dezenas de famílias de vaqueiros e aboiadores. Com 10.977 habitantes, de acordo com a estimativa de 2013 feita pelo IBGE, a cidade sedia todo o ano a Cavalgada da Divina Santa Cruz, cujo percurso de 12 km começa na sede da cidade e continua até a Capela da Serra do Feiticeiro.
O diretor ouviu antigas famílias de vaqueiros para entender a origem desta manifestação, os tipos de aboios, qual a sua relação com a fé e a religiosidade, por que o aboio é uma melodia triste e como surge o improviso do vaqueiro, dentre outras questões.
“Esta cultura pode acabar porque a zona rural do sertão a cada dia se torna menos habitada. A figura do vaqueiro tradicional está desaparecendo das caatingas e o sertão urbano aos poucos está acabando com esta tradição”, destaca Tárcio. O objetivo do documentário é valorizar esse grupo social e sua relação com a música, ao mesmo tempo, divulgar e preservar o aboio como símbolo de força, resistência e trabalho, despertando o interesse e o envolvimento das novas gerações.
O diretor – Tárcio Araújo havia se inscrito na terceira e na quarta edições do projeto Revelando os Brasis, mas na época não ficou entre os 40 selecionados. Desta vez, ele resolveu escrever uma nova história. “Eu quero levantar esta bandeira, deixar esta motivação para a cidade. Quem mora em uma cidade pequena sabe as dificuldades e a falta de opções para o jovem. É possível que depois desse trabalho surja o interesse coletivo pelo audiovisual na cidade, e creio que isso seja uma forma de inclusão social muito viável, principalmente entre os mais novos”, avalia o diretor.
Estudante de Rádio e TV pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), o diretor começou na Comunicação Social em 1998, na extinta Rádio Itaremata de Lajes, que na época funcionava sem autorização da ANATEL. Tárcio manteve no período de 2001 a 2003 o Jornal O Pico. Em Mossoró, foi produtor de jornalismo da TV Mossoró, depois trabalhou por cinco anos como âncora na Rádio 95 FM e como produtor no programa de esportes da TV a Cabo Mossoró. Atualmente apresenta o Jornal das Cinco pela FM 105, também de Mossoró.
Além da seleção na quinta edição do Revelando os Brasis, no ano de 2013, o diretor acumulou premiações como o Prêmio BNB de Jornalismo (três vezes); Prêmio FECOMÉRCIO; Prêmio de Jornalismo FIERN (duas vezes) e o prêmio SEBRAE em 2015, reconhecimento por trabalhos desenvolvidos na emissora radiofônica. Em 2014, o Projeto Agência Radiocom, que desenvolveu junto com uma equipe de colegas dentro da universidade, recebeu um prêmio no Congresso de Ciências da Comunicação da Região Nordeste (Intercom -Nordeste), o mesmo trabalho também ganhou a Etapa Nacional do INTERCOM na cidade de Foz do Iguaçu (PR), na modalidade Programa Laboratorial em Áudio.
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